Publicado em 20/11/15 | Atualizado em 21/11/15

"Experimental Jet Set, Trash and No Star", o resgate do Sonic Youth

Sonoridade lo-fi e complexa são marcas de um dos mais emblemáticos álbuns da banda


"Experimental Jet Set, Trash and No Star" foi gravado na mesma fita do "Sister"

Antes de tudo, clique aqui. Bom, agora que você está ouvindo, vamos lá: este é o "Experimental Jet Set, Trash and No Star", oitavo álbum de estúdio do Sonic Youth. Produzido pelo monstro Butch Vig, em 1994, o disco revelou mais uma mutação dos nova-iorquinos com maior influência na cena de rock alternativo norte-americana da década de 1990.

As músicas lentas e a roupagem lo-fi quase que artesanal do play contrastam com a sonoridade do álbum anterior, também produzido por Vig, o "Dirty", que, não por acaso, foi o maior sucesso comercial da grupo. O "Dirty" tem uma linguagem "grunge-mainstream", que acabou por tornar o grupo conhecido por uma boa parte do público que antes não conseguia entender o som dos caras. As guitarras distorcidas, com melodias pops e vocais harmoniosos tornam o "Dirty", ao mesmo tempo, sujo e limpo, uma faceta muito similar a do álbum mais famoso produzido por Vig, o "Nevermind", do Nirvana. É, amigos, ele produziu esse também.

Aliás, Butch Vig produziu os maiores nomes do rock alternativo na década de 1990, entre eles The Smashing Pumpkins, L7, Garbage e Foo Fighters. E foi exatamente essa inclusão no hall de bandas de sucesso que fez o Sonic Youth apostar em uma proposta mais rudimentar no "Experimental Jet Set, Trash and No Star".

O rótulo de pop os incomodava, pois estavam acostumados a serem reverência na cena underground por sua sonoridade complexa, introspectiva e profunda. As guitarras distorcidas e com afinações não-ortodoxas ainda estavam ali. Os acordes dissonantes também. Mas algo faltava, ou sobrava pra ser mais preciso. Estava tudo muito pop pra ser Sonic Youth, o que gerou um grande incomodo na banda. E esse sentimento os moveu a um regresso às raízes em seu oitavo álbum - lançado pelo mesmo selo do "Dirty", o DGC Records.

Parte do "Experimental Jet Set, Trash and No Star" foi gravada no estúdio Sear Sound, em Nova Iorque, com um tape-recorder de 16 faixas, o mesmo usado por eles para gravar o "Sister", em 1987, quando a banda ainda estava no selo SST Records. Por sinal, a fita usada no disco é a mesma do "Sister". Sim, isso mesmo: os caras gravaram por cima da master. Se você ouvir o disco bem alto vai perceber entre as faixas trechos de músicas do "Sister".

Além disso, o grupo convenceu Vig a não passar o removedor de ruídos nas tracks, mantendo o timbre da captação natural, mais próximo de um ao vivo. Alguns instrumentos foram gravados na casa dos músicos, dando um tom caseiro ao álbum, que tem diversas referências ao início da careira da banda e aos tempos de SST Records. Screaming Skull, a quinta faixa do disco, cita o antigo selo e artistas que passaram por lá, como Hüsker Dü e The Lemonheads. Se liga:

Além de referências "aos velhos tempos" da banda, as músicas do "Experimental Jet Set, Trash and No Star" também falam sobre abstrações que permeiam a vida pós-moderna, como em sua primeira faixa: Winner's Blues, canção em que Thurston expõe aflições criadas por uma sociedade altamente competitiva: "sometimes you win, sometimes you lose... Sometimes you got still the blues for me. I could run away, a long time to stay".

A música é uma balada acústica gravada inicialmente para uma coletânea de faixas raras do selo, e que foi incluída de última hora no play.

Então, pra fechar este artigo com estilo, vamos de Winner's Blues:


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