Publicado em 24/02/16 | Atualizado em 24/02/16

Sub-raça é a p… que pariu!

Lançado em 1993, o disco tem produção e mixagem do mestre DJ Raffa.

Por Mano Réu

Capa e contracapa do disco

Sem dúvida nenhuma o disco “Sub Raça”, do Câmbio Negro, foi o disco mais importante pra minha vida e para minha caminhada no Rap. Aliás, foi o primeiro disco que decorei de ponta a ponta. Cantava todas as letras do álbum – que ganhei do meu irmão - de pulmão cheio. 

Hoje, escuto a turma falando: “nossa, você viu aquele pesado do fulano de tal?”. Cara, quem fala isso nunca ouviu algo pesado de verdade, como o “Sub Raça”. É um dos mais clássicos discos de Rap já lançados no Brasil e poucos conhecem. Uma mistura clara, típica dos anos 1990, de Rock e Funk com Rap.

Regado a muito scratch e rimas pesadas (literalmente), X e Jamaica falam da Ceilândia, do hip hop brasiliense e dos problemas enfrentados pela juventude negra brasileira.

Lançado em 1993, pela Discovery, o disco tem produção e mixagem do mestre DJ Raffa, que, ao lado de X e Jamaica, conseguiu trazer para o álbum alguns dos melhores samples e clássicos da música. Curioso? Ouça o Disco!

Se liga nesse trecho de Bala Perdida:

“Curto muito o Hip Hop
Gosto de me distrair,
Quase que tudo que sei
Aprendi foi por ai”

O destaque do disco é a faixa que dá nome ao play: Sub Raça. Mano, aquele refrão “sub-raça é a puta que pariu” é, desculpe o termo, foda. Na música X fala do orgulho da negritude e também da raiz africana de quase todos os brasileiros, e denúncia o racismo, desmascarando o ainda vivo mito da “democracia racial”.

Trecho de Sub Raça:

“Somos constantemente assediados pelo racismo cruel
Bem pior que fel é o amargo de engolir um sapo
Só por ser preto isso é fato
O valor da própria cor
Não se aprende em faculdades ou colégios
E ser negro nunca foi um defeito
Será sempre um privilégio
Privilégio de pertencer a uma raça
Que com o próprio sangue construiu o Brasil”

Indico que ouçam todo o álbum, que é um relato verdadeiro da qualidade, das ideias, das verdades, dos desafios e da intensidade do Rap dos anos 1990!

Muito amor ao Câmbio Negro!!!

Vamos ouvir algumas do play? Noiz.

Câmbio Negro - Sub-Raça

Câmbio Negro - Dê-nos Ouvidos

Câmbio Negro - Cadaver Ambulante


Leia também
A história da aparelhagem de som que embalou os Bailes da Saudade de Belém

A história da aparelhagem de som que embalou os Bailes da Saudade de Belém

“O hip hop é uma religião”, diz Zibordi, jornalista e pesquisador

“O hip hop é uma religião”, diz Zibordi, jornalista e pesquisador

Dica do Réu: "Sólido", primeiro trampo do Rap Sensation, foi um marco para o rap brasileiro

Dica do Réu: "Sólido", primeiro trampo do Rap Sensation, foi um marco para o rap brasileiro

Emicida faz show gratuito neste sábado em encontro de Hip Hop em SP

Emicida faz show gratuito neste sábado em encontro de Hip Hop em SP

Erivan contou ao Moozyca como o Rap o levou do Castelo Encantado à Finlândia

Erivan contou ao Moozyca como o Rap o levou do Castelo Encantado à Finlândia

"Quero despertar a curiosidade da molecadinha e tirar eles do funk ostentação"

"Quero despertar a curiosidade da molecadinha e tirar eles do funk ostentação"

Fortaleza: coletânea de Rap, lançada ontem no Maloca Dragão, reúne 40 grupos

Fortaleza: coletânea de Rap, lançada ontem no Maloca Dragão, reúne 40 grupos

Dica do Réu: Revelando o mestre Djavan!

Dica do Réu: Revelando o mestre Djavan!

DJ e produtor Felipe Soares lança disco autoral

DJ e produtor Felipe Soares lança disco autoral

Já sabe o que ver na Virada Cultural deste fim de semana?

Já sabe o que ver na Virada Cultural deste fim de semana?

Alemães do Raggabund trazem seu som multicultural para a América do Sul

Alemães do Raggabund trazem seu som multicultural para a América do Sul

Por que nos EUA não tem batucada?

Por que nos EUA não tem batucada?

Banner Moozyca

+ Moozyca

Inscreva-se no Moozyca

Anúncie aqui